Neste texto, quero chamar sua atenção para um assunto muito sério e que pode estar afetando diretamente o desenvolvimento de seu filho.
Vou te contar como eu percebi isso em uma experiência pessoal, com meu próprio filho, e espero que você aproveite para analisar se você não está limitando o desenvolvimento de seu filho sem perceber.
Isso tudo, está ligado a crenças limitantes, que temos, e que desenvolvemos por diversos fatores. Coisas em que acreditamos, e nosso comportamento, nossas ações, são a tradução do que acreditamos
Ninguém gosta de expor seu próprio filho, de coloca-lo em situação que ele pode se prejudicar de alguma forma. E esse é o nosso instinto de querer proteger sempre. Para você entender do que estou falando, vou te dar 2 exemplos, um deles que aconteceu em meu estúdio e outro comigo.
Eu dou aulas de violino para crianças bem pequenas, a partir de 3 anos de idade, e é de costume mães e pais, assim que entram na sala de aula, já dão uma desculpa ou justificativa pelo seu próprio filho, antes que ele diga ou toque qualquer coisa. São coisas do tipo, essa semana ele não quis estudar, essa semana ele não estudou nada, essa semana não tivemos tempo de estudar porque isso ou aquilo, ela não está conseguindo, aquela parte é muito difícil para ele, entre tantas outras frases como está são de costume para mães iniciantes em nosso estúdio.
Certa vez uma aluna, criança, entrou na sala sozinha, enquanto a mãe estacionava o carro, e ela entrou super animada conversando, ja foi tirando o violino, e conversando animada. Depois de uns 3 minutos entrou a mãe, a aluna já estava na minha frente pronta para começar, com o violino debaixo do braço. Quando a mãe entrou, nem sentou e já disse: – “Ai, hoje ela está muito cansada, não queria acordar cedo, estar com muito sono…”. E então no mesmo momento, eu estava olhando para aquela aluna na minha frente, e ela ficou corcunda, baixou as pálpebras, começou a falar em ritmo lento, fazendo uma cara de sono. E então esse dia marcou minha vida, tive certeza sobre o que eu já havia lido, e estudado. Que as crianças são o que os pais falam que elas são.
E então foi desta vez também que eu me dei conta sobre um problema que havíamos passado, eu e minha esposa, com nosso filho. Naquele momento eu tive a certeza que nós havíamos errado, e quando quiseram nos alertar, eu achei que nós é que estávamos certos.
Quando meu filho tinha 3 ou 4 anos, ele ainda tinha uma certa dificuldade para falar, que já vinha desde os 2 anos . Nós vínhamos cuidando daquilo com profissionais da área, porém quando estávamos em algum lugar e alguém vinha falar com ele, de pronto nós mesmos falávamos por ele, e nós mesmos dávamos uma justificativa do porque ele não conversava ou falava, dizíamos perto dele que ele não falava com as pessoas porque ele não conseguia pronunciar direito, ele tinha dificuldade de pronunciar e então não queria falar, por que as pessoas não entendiam, enfim, estávamos dando uma desculpa por ele, e junto afirmando que ele não falava com as pessoas. Sendo assim então, ele não falava mesmo, pois nós, os pais dele já estavam dizendo isso por ele, já estava tudo resolvido, e a partir daquilo ele acreditava nisso, pois os pais, que no caso são modelos para o filho, estão afirmando aquilo.
Já haviam nos alertado sobre isso, e nós mesmos já havíamos estudado sobre isso, mas quando nos disseram, nos tínhamos esta crença, que nos limitava, e não deixava que nós percebêssemos o que de fato estava acontecendo.
Então depois disso, conversamos e mudamos nossa mentalidade sobre isso, e começamos a ter comportamento diferente. E o resultado foi que dali para frente, nós mudamos, começamos ao invés de dar desculpas para ele, nós encorajávamos ele a conversar, mostrávamos que ele era capaz de falar, e ele mudou e muito, começou a conversar, a falar sem medo, e claro que ele tinha sim algumas coisas que limitavam ele, porém ele poderia vencer aquilo, mas nós não estávamos ajudando ele, mas sim querendo protege-lo, estávamos prejudicando ele.
Então minha intenção com este texto, é que você pare para analisar, se você não está dando desculpas pelo seu filho, querendo protegê-lo, mas na verdade limitando o potencial dele.
Vejo esse tipo de comportamento não somente nas minhas aulas, vemos também em vários outros lugares, em restaurantes, quando pais dizem que o filho não come isso ou não gosta daquilo, em festas de aniversário, quando os pais dizem que ele tem medo de bexiga, em parque de diversões, quando os pais dizem que ele tem medo desse brinquedo, ou que ele é medroso, etc…
Se você lendo esse texto, já percebeu que você faz isso com seu filho. Parabéns…!!! Pois acredito que isso é o mais difícil. Nós mesmos, reconhecermos que estamos errando, e que aquele não é o caminho, e que devemos mudar.
Cuidado com o que você diz perto de seus filhos, ou das crianças, pois eles acreditam e levam aquilo como verdade. Evite frases do tipo: Ele não consegue, Ele não gosta de estudar, Ele não tem tempo, Ele não é bom nisso, Ele não gosta de acordar cedo, Ele só quer dormir, Ele não quer estudar, Ele só quer brincar, Nessa matéria ele não é bom, mas ele é bom nesta outra matéria, Isso é muito difícil para ele…
Enfim, deixe seu comentário aqui neste post, e nos conte se você percebeu que faz algo assim, ou já fez, ou se já viu acontecer algo assim. Conte sua experiência pois alguém pode se identificar e pode quebrar alguma crença limitante de alguém e ajudar esta pessoa.
Texto Escrito por Ricardo Sander.

Formado em Licenciatura em Música, estudou violino no Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos Campos”, de Tatuí, sob orientação do prof. Milton Pires da Silva Júnior e posteriormente Pedro Dellarolle.
Participou de diversos master class e festivais de música, e foi aluno de violinistas renomados como: Elisa Fukuda, Davi Graton (OSESP), Daniel Guedes, Luís Amato (UNESP), Paulo Bosísio (UNIRIO), Alexandre Kanji (Holanda), entre outros.
É professor de violino, desde 2006, credenciado pela SAA (Associação Suzuki das Américas), Método e Filosofia Suzuki, e como Professor de violino desde 2011, quando iniciou sua especialização no ensino para crianças pequenas.
Em 2015 criou o primeiro curso para professores de violino/viola do Brasil. Um treinamento 100% on-line, onde já atende mais de 35 professores de diferentes estados do Brasil, e também no exterior. Criando uma plataforma inédita, onde ensina técnicas e uma metodologia de como ensinar violino para crianças, jovens e adultos.
Atualmente é 1º violino na Orquestra Sinfônica de Indaiatuba, professor e diretor do Centro Suzuki Indaiatuba.